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"O Segredo da vitória, em todos os setores da vida, permanece na arte de aprender,imaginar,esperar e fazer mais um pouco."
( Chico Xavier - ditado por André Luiz )

terça-feira, 30 de novembro de 2010

DIA DO TEÓLOGO


São Tomás de Aquino, teólogo


30 DE NOVEMBRO

A imagem que algumas pessoas fazem de um teólogo é de alguém que está constantemente enclausurado no último aposento de uma casa, às voltas com obras raras, escritas em dialetos desconhecidos do grande público ou com livros pesados e grossos. Algo assim como no filme o Nome da Rosa, não?

Mas, na verdade, um teólogo é uma pessoa bem mais próxima de nós do que pensamos. Ele presta serviços de consultoria a escritores, por exemplo, que estejam usando a religião para contar alguma história ou fornece orientação a grupos religiosos em geral, principalmente organizações não-governamentais.

Outra confusão que é feita com freqüência: um padre ou um pastor podem ser um teólogo mas um teólogo nem sempre é um religioso. Podemos encontrar um teólogo dando aulas em cursos universitários da área de ciências sociais, como Letras, Antropologia, Sociologia.

Aliás, é cada vez maior nos meios acadêmicos a intertextualidade entre as disciplinas. E em relação à teologia isso é sentido de forma evidente.

Trata-se de um fenômeno recente a redescoberta da leitura teológica do mundo nas áreas de ensino voltadas para o conhecimento do comportamento humano em geral.

O QUE UM TEÓLOGO ESTUDA?
Basicamente o teólogo formado estuda e analisa as diversas religiões do mundo e sua influência sobre o homem do ponto de vista antropológico e sociológico. Sua principal fonte de pesquisa são os textos sagrados e as doutrinas e dogmas religiosos.

Com isso procura explicar de que forma as crenças, com o decorrer do tempo e da história, modificam ou eternizam as maneiras do homem interagir na sociedade.

Nos cursos de teologia, a grade curricular varia de instituição para instituição. Algumas dão maior importância à análise das religiões em si, enquanto outras se debruçam mais sobre os textos sagrados.

De qualquer forma, um estudante de teologia - o futuro teólogo - deverá ler muito e participar de muitos debates em sala de aula sobre as bases e a história das religiões.

O QUE QUER UM TEÓLOGO?
Um teólogo procura a tempo e a hora tornar a religião em um saber racional, no caso, um saber chamado teologia (estudo de Deus: teo = Deus; logia = estudo).

Sua atitude diante da religiosidade é quase sempre objetiva, uma vez que a religião em si e mais precisamente a fé tem caráter subjetivo.

Uma coisa é termos fé, outra é estudarmos os fenômenos da fé. Para o primeiro caso, basta crer, acreditar num dogma ou numa doutrina como verdade a ser vivida. No outro, esta mesma fé será interpretada, relativizada e, conseqüentemente, racionalizada.

O teólogo, então, é aquele que deseja ser os olhos da razão dentro de uma experiência que normalmente só pode ser vivida sem questionamentos, ou seja, na fé, que não questiona, não interroga, apenas crê.

Por isso nada impede que um teólogo venha a ser um religioso fervoroso ou uma pessoa completamente descrente de Deus. Uma coisa não impede a outra. No exercício ou não da fé, crente ou descrente. No exercício da profissão, teólogo sempre.

Fonte: www.ibge.br

Prece pelos Teólogos

Deus santíssimo, Deus Pai,

nós, teu povo e teus herdeiros,

te pedimos pelos teólogos.

Tu que te revelaste a nós pela Palavra de vida,

não permitas que não entendamos as palavras

dos teólogos na nossa vida;

Tu que te revelaste a nós pela encarnação de Jesus,

não permitas que eles falem de uma teologia

que não seja encarnada e sempre reveladora.

Deus santíssimo, Deus Pai,

Tu que és eterna luz e única verdade,

ilumina e esclarece o espírito dos teólogos,

que seus estudos sejam fruto do Espírito Santo,

de oração e de humildade,

fonte de esclarecimento para teu povo.

Que toda teologia nos conduza direto a teu coração,

nos coloque no caminho da verdade,

Nos faça te amar e te servir com renovado vigor.

Que Tu não sejas para ninguém, sobre esta terra,

apenas um objeto de estudo, mas

a rocha segura sobre a qual podemos construir nossa casa.

Fonte: www.fatima.com.br

O QUE É TEOLOGIA?

A teologia é o corpo teórico e disciplinar que estuda as relações entre o “sagrado e o profano”, tanto quanto, o estudo sistemático dos textos e materiais religiosos existentes, estabelecendo uma harmonia, na interpretação dos escritos religiosos – em especial o referente ao cristianismo – sob a investigação científica, que lhe é peculiar.

O termo teologia vem do grego – Theos que significa “Deus, divino, divindade” e logia (logos) que siginifica “estudo, pesquisa". Os teólogos são os especialistas em conhecimentos referentes aos estudos dessas relações.

Os teólogos são formados em seminários, faculdades, institutos, formando-se em bacharéis, licenciados, mestres e doutores. Porém, tais cursos, não são indicativos de que sejam ou estejam preparados para dar explicações acerca de fenômenos sobrenaturais ou de gêneros próximos ao tema. Também, não é uma característica primordial, que sejam os teólogos sacerdotes de nenhuma denominação religiosa, muito embora, seja essa a exigência de muitas religiões, para o exercício efetivo desse cargo.

A maioria das denominações religiosas cristãs e não-cristãs, possuem as suas escolas de formação de seus sacerdotes, onde são formados os teólogos, de acordo com a doutrina particular de cada uma delas, credenciando dessa forma, os seus sacerdotes para o exercício de suas funções. Os teólogos são formados dentro de um ambiente, onde se ministram matérias das mais variadas à sua formação, entre elas: A psicologia, sociologia, história, filosofia, teologias sistemáticas, comparadas, mitologia, etc.

O teólogo, não tem nenhuma obrigação em explicar os chamados fenômenos extrafísicos ou sobrenaturais, pois, não é de sua competência fazê-lo, muito embora, possua recursos técnicos para realizar tais exercícios; porém, tornamos a enfatizar: ”Não é a sua função específica”.

O objeto de estudo e atenção dos teólogos, é o estudo sistemático e comparado dos fenômenos históricos, sociais, filosóficos, antropológicos, psicológicos, das relações entre o sagrado e o profano e, das relações daí decorrentes. A comparação entre as diversas doutrinas, mitologias, dos dogmas, das liturgias das diversas manifestações religiosas existentes, também, é matéria de sua investigação, enquanto agente investigativo.

As diversas escrituras e os seus possíveis significados, tanto quanto as suas diferenças, são também alvo de suas investigações técnicas. As questões espirituais fazem parte de suas pesquisas, muito embora, não esteja interessado em oferecer explicações tácitas e definitivas sobre o tema, tendo na verdade, um comprometimento com a busca de uma possível “verdade” científica sobre esses elementos. As questões que interessa ao teólogo de perto, são na verdade as possíveis relações existentes entre os diversos textos religiosos, assim como, todo o acervo existente que possa trazer conhecimento, sobre a relação entre os fatos históricos e as relações entre o religioso (sentimento) e as práticas místicas e espirituais dos povos, ao longo da existência humana.

Do ponto de vista de uma possível vertente científica, a teologia tem relação direta com a preocupação com os efeitos, mais do que com a essência dos fatos em si. Portanto, a teologia em si é mais uma ciência “investigativa” e não conclusiva, quando trata de “traçar” uma abordagem de entendimento dos fenômenos espirituais. Conclusiva, poderemos considerar, portanto, as escrituras sagradas, que afirmam a sua essência, baseadas na palavra de DEUS.

A teologia, portanto, jamais poderá ser manipulada por interesses pessoais ou denominacionais de qualquer corrente religiosa, pois deve seguir e servir, aos interesses da pesquisa dos fenômenos religiosos e espirituais, porém, sem conotação particular, como um fenômeno abrangente e universalista. Isso não significa, que não possa existir teólogos cristãos, muçulmanos, budistas ou mesmo ateus.

Teologia, não é matéria ou doutrina particular mas: “livre”; estando por isso a serviço do conhecimento. Trata-se portanto, de um conjunto de conhecimentos pluralista, normativo de caráter universal. Dentro do ambiente cristão, serve como elemento retificador dos princípios cristãos, já que foi dentro desse ambiente que a teologia tomou forma. Mas, como elemento de pesquisa, deverá abordar a todo o universo de estudo comparado das diversas religiões.

Um teólogo pode ser um cristão, um muçulmano, um hinduísta, ou até mesmo um ateu, pois, não está em sua essência servir a nenhum grupo de opinião em particular, enquanto ciência empírica. Ser um teólogo, portanto, é estar em sintonia com o pensamento universal, com as causas “primárias” de manifestações espirituais e religiosas dos diversos povos, ao longo da história da civilização. Deverá o teólogo compreender, as diversas manifestações de religiosidade das pessoas e ter em mente que: “A teologia, não é doutrina religiosa, nem tão pouco, deve estar a serviço de interesses particulares, mas, ao conjunto instrumental, que permita aos seus especialistas, compreenderem os mistérios da criação divina, tanto quanto, as questões históricas dos diversos cultos religiosos”.

Portanto, fica patente que: “Existe uma teologia cristã, muçulmana, budista, hinduísta, judaica, e que, os estudiosos desse campo, não podem e nem devem estar submetidos a caprichos pessoais ou amarrados por correntes de intolerância de nenhuma espécie”.

Existindo uma teologia variada como a que temos assistido ao longo da história da civilização, então, temos a oportunidade de estudarmos as mais variadas formas de cultos e crenças existentes, levando a sociedade, uma possível compreensão dessas diferenças.

Deve também, o conjunto de acervo teológico existente, ir conduzindo os homens para uma compreensão salutar, do que venha a ser à vontade de DEUS para os homens, pois, é uma tarefa do teólogo, propiciar esse encontro, ou seja: ”Entre o homem e a sua origem”. Portanto, o teólogo, deve de certa maneira, conduzir o estudioso ao encontro de uma compreensão do mundo espiritual, propiciando o surgimento de uma cultura a DEUS, como o elemento fundamental da existência humana. A causa final do estudo teológico será evidentemente, “tentar” desvendar e tornar conhecido aos homens, a verdadeira relação entre eles e o seu princípio e essência: “DEUS, como o seu criador”.

“Só há uma verdade: DEUS é único”

Fonte: oteb.com.br

COMO SER UM GRANDE TEÓLOGO

1. Oração.

Por essa razão você deveria se desesperar com sua sabedoria e razão; pois com essas não adquirirá nada, mas por sua arrogância lançará a si mesmo e a outros no abismo do inferno, como fez Lúcifer. Ajoelhe-se em seu quarto e peça a Deus em verdadeira humildade e seriedade para que lhe conceda a verdadeira sabedoria.

2. Meditação.

Em segundo lugar, você deveria meditar, não somente em seu coração, mas também em alta voz, na Palavra oral e nas palavras expressas que estão escritas no Livro, as quais você deve sempre considerar e reconsiderar, e ler e reler com diligente atenção e reflexão, para ver o que o Espírito Santo quis dizer através delas. E cuidado para não se cansar disso, pensando que já leu o suficiente se tiver lido, ouvido ou dito uma ou duas vezes e entendido perfeitamente. Pois nenhum grande teólogo é feito dessa forma, mas aqueles (que não estudam) são como fruto verde que cai antes de amadurecer. Por essa razão, veja que no Salmo 119 Davi está sempre dizendo que falaria, meditaria, declararia, cantaria, ouviria e leria, dia e noite, para sempre, nada menos que a Palavra de Deus somente e os mandamentos de Deus. Pois Deus não propôs dar o Seu Espírito sem a Palavra externa. Seja guiado por ela! Não é em vão que Ele ordena escrever, pregar, ler, ouvir, cantar e declarar a Sua Palavra externa.

3. Tentação.

Em terceiro lugar, há a tentatio, isto é, a prova. Essa é a verdadeira pedra de toque que lhe ensina não somente a conhecer e entender, mas também a experimentar quão verdadeira, sincera, doce, amorosa, poderosa e confortadora é a Palavra de Deus, sendo a sabedoria acima de toda sabedoria. Assim, você vê como Davi no Salmo já mencionado reclama sobre todos os tipos de inimigos, príncipes ímpios e tiranos, falsos profetas e facções, os quais deve suportar, pois sempre medita, isto é, lida com a Palavra de Deus em cada modo possível, como declarado. Pois tão logo a Palavra de Deus produz fruto através de você, o diabo lhe perturbará, fará de você um professor de verdade, e lhe ensinará mediante a tribulação a buscar e amar a Palavra de Deus. Pois eu mesmo – se permitirem que expresse minha humilde opinião – devo agradecer aos meus papistas grandemente por tanto me atribular, afligir e aterrorizar pela fúria do diabo, pois fizeram de mim um teólogo suficientemente bom, o que de outra forma nunca teria me tornado.

4. Humildade.

Então (a saber, se você seguir a regra de Davi exibida no Salmo 119), você descobrirá quão superficiais e indignos parecerão os escritos dos Pais, e condenará não somente os livros dos oponentes, mas também ficará cada vez menos satisfeito com sua própria escrita e pregação. Se tiver chegado nesse estágio, você pode esperar com certeza ter começado a ser um teólogo de verdade, alguém que é capaz de ensinar não somente aos jovens e iletrados, mas também aos cristãos maduros e bem instruídos.

Pois a Igreja de Cristo inclui todo o tipo de cristãos – jovens, velhos, fracos, doentes, saudáveis, fortes, agressivos, indolentes, tolos, sábios, etc. Mas caso você se considere instruído e imagine que já alcançou o objetivo e orgulha-se dos seus tratados, ensinos e escritos, como tens trabalhado maravilhosamente e pregado de forma fantástica, e se você fica muitíssimo satisfeito porque as pessoas lhe elogiam diante de outros, e deve ser elogiado ou de outra forma ficará desapontado ou se sentirá desesperado – caso importe-se com isso, meu amigo, apenas agarre as suas orelhas, e se agarrar corretamente, achará um belo parte de grandes, longas e ásperas orelhas de burro. Então vá mais adiante e adorne-se com sinos de ouro, para que as pessoas possam ouvi-lo onde quer que vá, apontando admiradas com o dedo para você e dizendo: “Eis, vejam, é aquele homem maravilhoso que pode escrever excelentes livros e pregar tão extraordinariamente!”.

Então certamente você será abençoado, sim, mais que abençoado, no reino “do céu”; na verdade, naquele reino no qual o fogo do inferno foi preparado para o diabo eos seus anjos!… Nesse Livro, a glória de Deus somente é apresentada, e diz: Deus superbis resistit, humilibus autem dat gratium. Cui est gloria in secula seculerum [Deus resiste ao soberbo, mas dá graça ao humilde. A Ele seja glória para sempre e sempre]. Amém.

Martinho Lutero

Fonte: www.monergismo.com

OS DEZ MANDAMENTOS DO TEÓLOGO

Teólogo no Brasil está sendo mais valorizado com a crescente onda do evangelho que varre nossa nação.

Sugiro dez mandamentos para o teólogo evangélico:

1. Comprometa-se com a essência do Evangelho de Cristo;

2. Vista de simplicidade e transparência;

3. Não serás aplaudido. a honra e a glória é de Cristo;

4. Ensinar a palavra aonde o espírito mandar e não por dinheiro ou honrarias;

5. Tuas quatro ferramentas serão: Oração, jejum, palavra e o vigiar constante:

6. Em tuas explanações jamais trocarás Paulo por Heródoto, Davi por James Joice, Daniel por Lula, mesmo que o faça, coloque em segundo plano nunca em primeiro;

7. A hermenêutica será teu braço direito o esquerdo a exegese da Palavra;

8. Quando entrares em uma igreja te portarás como um sacerdote, nunca como um palhaça (circo) e um ator (Teatro);

9. Sobre teu chamado terás a seguinte máxima de Billy Graham: “senhores Deus não me rebaixaria a tanto, sendo presidente dos EUA”? (depois de ser aconselhado por um colegiado a se candidatar a presidente);

10. E nunca esqueça que além de ti ainda tem sete mil que reservei para mim;

Fonte: www.gospel10.com
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TEÓLOGO “UNIVERSAL” E TEÓLOGO “ESPECÍFICO”

Com todas as reviravoltas e mudança no fazer e no saber sobre o conhecimento, o mundo mudou e seguiu uma lógica que parece não ter lógica. Houve um período na história que se buscava nos “detentores” do conhecimento uma postural universal, ou seja, eles deveriam abarcar no seu discurso e no seu saber o que era justo e verdadeiro para todas as pessoas.

Gostaríamos de pensar analogicamente a partir da análise que Michael Foucault faz em relação ao intelectual universal e o intelectual específico. A partir da segunda grande guerra mundial esse panorama foi alterado. O mundo passou a identificar melhor a postura do teólogo específico por conta dos rumos que a humanidade tomou depois desse evento que se configurou como uma amostra do que é usar o poder e o saber.

A interferência mais direta na política e no poder a partir dos saberes localizados ou específicos como a biologia, a física, a química, a teologia, dentre outros, impulsionou o surgimento e a valorização dos conhecimentos específicos, colocando ou devolvendo desta forma o poder e o saber nas diversas camadas da sociedade e/ou da humanidade.

Para Foucault “a figura em que se concentram as funções e os prestígios deste novo intelectual não é mais a do ‘escritor genial’, mas a do ‘cientista absoluto’”; não mais aquele que empunha sozinho os valores de todos, que se opõe ao soberano ou aos governantes injustos e faz ouvir o seu grito até na imortalidade; é aquele que detém, com alguns outros, ao serviço do estado ou contra ele, poderes que podem favorecer ou matar definitivamente a vida. Não precisamos mais dos que falam apenas da eternidade, mas sim, daqueles que criem ou fomentem estratégias para a dignidade da vida e até mesmo da morte.

O teólogo universal é aquele que se arvora a falar como representante da verdade e da justiça, sendo ele, uma espécie de consciência de todos. Essa idéia oriunda da parte ruim do marxismo pretende fazer do teólogo universal, através do seu posicionamento moral, espiritual, político, teórico, um detentor desta universalidade que ele pensa englobar em sua teologia e práxis.

Alguns, ainda que nostalgicamente, querem a volta ou o aparecimento dos grandes teólogos universais para regerem nosso estilo de vida, dizendo eles faltar uma visão de mundo ou uma grande teologia hodierna. Entretanto, vivemos um momento em que o papel do teólogo específico deve ser reelaborado, visto que, o caminho na qual o mundo percorre é mais propício ao um melhor desenvolvimento específico do que universal.

Diante das circunstâncias sociais o papel do teólogo especifico deve se tornar cada vez mais importante. Na medida em que, quer queira ou não ele deve assumir responsabilidades políticas, sociais, culturais. O teólogo universal não se compromete diretamente com a situação, pois ele fica longe dos acontecimentos que ele apenas pensa e formula teorias para regulamentar determinada situação. Em outras palavras, o seu engajamento com a vida concreta não é percebida porque enquanto ele apenas teoriza sobre a vida, ela continua a ser vivida ou morrida por aquele que são vitimas ou vilões desse sistema cruel que degenera a vida.

É importante deixar claro que o nosso objetivo não é acabar com o passado e muito menos ser um iconoclasta, o que queremos é chamar a atenção para uma realidade que exige o específico e não o universal. O trabalho do teólogo específico é ajudar a desmascarar um poder que domina não apenas pela força, mas pela absolvição do seu regime pelos habitantes de um lócus social. O não envolvimento do teólogo com essas pessoas resulta na manutenção desse status quo (religioso, político, social, econômico) que visivelmente contribui para a destruição da vida em todas as suas possibilidades.

Podemos suspeitar que o motivo para o não envolvimento por parte de muitos teólogos com as coisas específicas, ou seja, com a vida concreta dos seres humanos e de toda a criação, é devido ao medo da perseguição que o teólogo específico terá sobre si devido o poder de denúncia que estará em suas mãos, não mais em função de seu discurso geral e sim, por conta das denúncias que ele trará de uma realidade concreta que não agüenta mais o despotismo, os variados abusos e a arrogância da riqueza.

Enfim, a religião, a política, a economia, a ciência e no limite a sociedade, não precisam mais de detentores das verdades universais, pois eles não se envolvem com as questões práticas da vida mesmo que pensando e formulando teses sobre ela. É importante o surgimento e o fortalecimento do teólogo específico que sabe que sua construção do pensamento e sua prática não devem ser longe da vida e de tudo que promova e afirme a dignidade humana. Com ele deve existir a criação de novos valores respaldados por um novo jeito de teologar e, essa nova forma de se fazer teologia deve criar e fomentar valores que estejam em consonância com o corpo, com a vida, com a terra e com Deus.

Fonte: www.noticiasdeipiau.com

KARL RAHNER, O PRIMEIRO TEÓLOGO CATÓLICO MODERNO

Para o teólogo italiano Rosino Gibellini, Karl Rahner, especialmente no momento histórico do Concílio Vaticano II, colocava-se na linha da renovação e se ocupava em lançar uma ponte entre tradicionalistas e progressistas. Segundo Gibellini, a teologia de Rahner estava em plena sintonia com o grande projeto inovador do Concílio.

“Rahner é o protagonista da virada antropológica na teologia católica, que mantém ‘o ouvinte da Palavra’ sempre presente na proposição da verdade cristã, e se confronta, portanto, com a cultura moderna. Essa é uma das maiores linhas da teologia do século XX, que se diferencia (sem se contrapor) das teologias da identidade católica, representadas pelas figuras de Von Balthasar e Ratzinger”, afirma.

Rosino Gibellini é doutor em teologia pela Universidade Gregoriana de Roma e doutor em filosofia pela Universidade Católica de Milão. Dirige as coleções Giornale di Teologia e Biblioteca de teologia contemporânea da Editora Queriniana de Brescia, Itália. O estudioso é autor, entre outros livros, de A teologia do século XX (Edições Loyola, 1998). Ele já concedeu várias entrevistas para a revista IHU On-Line.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Quais eram, para Rahner, os principais desafios e as principais possibilidades da modernidade para a vida de fé?

Rosino Gibellini – Karl Rahner compreendeu os sentidos dos desafios da modernidade para a teologia cristã, assim como, em seu tempo, Schleiermacher as tinha compreendido. Na análise da situação cultural e teológica – a qual era possível diagnosticar já nos anos 50 do século XX –, Rahner identificava três elementos característicos:

a) vivemos numa sociedade secular e pluralista, em que os enunciados da fé perderam a sua obviedade;

b) justamente com o pluralismo, é preciso registrar um aumento dos conhecimentos em todas as áreas do saber, o que torna particularmente difícil fazer sínteses;

c) a essas dificuldades modernas da anunciação cristã e do fazer teologia, deve-se acrescentar uma espécie de enrijecimento (Fixierung) e de incrustação (Verkrustung) de conceitos teológicos que, permanecendo imutáveis no decorrer dos séculos, não correspondem mais à situação transformada da vida e da cultura do homem moderno. Daí a sua tentativa de uma reforma metodológica da teologia católica.

IHU On-Line – Como avaliar as ideias de Rahner, claramente em diálogo com a modernidade, quando alguns pensadores afirmam que já estamos vivendo na pós-modernidade? Rahner estaria superado?

Rosino Gibellini – Poder-se-ia dizer que Rahner é o primeiro teólogo católico moderno. A modernidade é caracterizada pela racionalidade crítica (Descartes, Kant), e Rahner introduziu na teologia católica o exercício da racionalidade crítica, que iria substituir a racionalidade metafísica da neoescolástica e da prática católica. A grande teologia francesa visava principalmente uma reforma do tomismo na linha de Maritain e Gilson. A tentativa de Rahner é mais ousada.

E o dever do exercício da racionalidade crítica na teologia permanece também no tempo da pós-modernidade, que é interpretada como “modernidade tardia” (Habermas) ou como “nova modernidade” (Robert Schreiter): o exercício da racionalidade crítica deverá unir-se, no tempo da pós-modernidade, à atenção aos temas que foram esquecidos ou desvalorizados pelo projeto moderno (David Tracy).

IHU On-Line – Por que Rahner teve tanta importância nos debates do Concílio Vaticano II? Quais foram as circunstâncias que possibilitaram que ele tivesse essa relevância nos debates?

Rosino Gibellini – O Concílio Vaticano II (1962-1965) – anunciado de surpresa por João XXIII há 50 anos, no dia 25 de janeiro de 1959 – propôs uma “atualização” da igreja, para torná-la mais correspondente à sua missão pastoral. A teologia de Rahner estava em sintonia com esse programa. Justamente em 1959 – ano da proposta do Concílio – Rahner publicou “Missão e Graça”, que inicia com um significativo ensaio intitulado “Significado teológico do cristão no mundo moderno” (de 1954), em que ilustra a passagem do regime da cristandade para uma situação na qual a igreja existe como minoria no interior das nações; e no qual sustenta que tal situação não deve ser suportada, e sim assumida como “imperativo histórico de salvação” e afrontada como uma renovação dos métodos da práxis eclesiástica. Nota-se, então, que a teologia de Rahner estava em sintonia com o grande projeto inovador do Concílio.

IHU On-Line – Como Rahner se posicionava nas polarizações conceituais e políticas do Concílio? Frente a quais ideias e teólogos Rahner se posicionou contra ou a favor?

Rosino Gibellini – Com o Concílio já anunciado, Rahner foi atingido por uma “censura preventiva” para excluí-lo completamente do evento. Mas acabou chegando a Roma como perito pessoal do cardeal König, de Viena, presidente da Conferência Episcopal Austríaca. Introduziu-se nas comissões com cautela. Escreverá na “Breve correspondência do período do Concílio” publicada em 1986: “Pode ser que Alfredo Ottaviani, então prefeito do Santo Ofício, tenha notado que sou um teólogo completamente inofensivo e normal. E, dessa forma, aquele decreto romano (da censura preventiva), foi simplesmente esquecido”. Mas trabalhou com afinco, a ponto de tornar-se um dos teólogos mais célebres justamente durante o Concílio. Deve-se reconhecer, porém, que a verdadeira estrela do Concílio era Joseph Ratzinger, na época docente de teologia fundamental em Bonn e consultor oficial do cardeal Frings de Colônia, presidente da Conferência Episcopal Alemã. Escreveu Rahner (1962): “Com Ratzinger, me entendo bem. Ele é muito estimado por Frings”.

Rahner colocava-se na linha da renovação e nas polarizações se ocupava em lançar uma ponte entre tradicionalistas e progressistas. Suas maiores contribuições são em sede eclesiológica, mas também, e principalmente, sobre a doutrina católica da revelação e sobre uma compreensão mais profunda da vontade de salvação universal. Mas é no pós-Concílio que os caminhos se dividem. Para Rahner, o Concílio é o início de um caminho de reforma a dar continuidade para uma “transformação estrutural da Igreja”, como diz o título de um seu volume programático de 1972. O teólogo Ratzinger estará longe desse programa e insistirá sempre num retorno aos textos do Concílio, dos quais somente resulta o espírito do evento Conciliar. Se Rahner ressalta a descontinuidade operada pelo Concílio, Ratzinger interpretará o Concílio no sentido da continuidade.

IHU On-Line – Quais foram as contribuições de Rahner para o diálogo inter-religioso e o ecumenismo?

Rosino Gibellini – O maior ecumenista católico no Concílio era o teólogo francês Congar, mas a solução católica mais avançada para o problema ecumênico no pós-Concílio foi dada por Karl Rahner e por Heinrich Fries, que assinaram o mediato e corajoso texto “União das Igrejas – Possibilidade real” (1984), que aparecia como nº 100 da célebre Biblioteca Herderiana “Quaestiones Disputatae”. Livro e projeto que o teólogo Ratzinger criticou.

Rahner também deu sua contribuição à teologia das religiões com a sua tese dos “cristãos anônimos”, que lhe permitia ver as religiões não-cristãs como “vias legítimas de salvação”, na dependência de “todo o verdadeiro e o bom do cristianismo”, como a monografia completa de Doris Ziebritzki sobre o tema publicada na Coleção “Innsbrucker theologische Studien” reconstruiu.

A contribuição de Rahner deve ser agora criticamente integrada a uma grande bibliografia, católica e ecumênica, que se desenvolveu nas últimas duas, três décadas. Resumo a passagem desta forma: “Do cristianismo anônimo a um cristianismo relacional”.

IHU On-Line – Frente aos atuais problemas de governo da Igreja, Rahner ainda oferece respostas? Como Ratzinger vê Rahner?

Rosino Gibellini – Rahner e Ratzinger são duas grandes figuras da teologia da época moderna. O teólogo jesuíta espanhol Santiago Madrigal dedicou uma recente monografia ao confronto entre os dois teólogos: duas grandes personalidades que colaboraram na realização do Concílio, mas que depois se diferenciaram na concreta aplicação deste, até entrar, sob certos aspectos, como teólogos, em contraste entre si, mas convergentes sobre a dificuldade do dever, assim expresso por Rahner: “Com certeza passará muito tempo até que a igreja, que recebeu de Deus a graça do Concílio Vaticano II, seja a igreja do Concílio Vaticano”.

IHU On-Line – Como Rahner é visto hoje na teologia? Quais são seus principais discípulos nos debates teológicos atuais?

Rosino Gibellini – Rahner é o protagonista da virada antropológica na teologia católica, que mantém “o ouvinte da Palavra“ sempre presente na proposição da verdade cristã, e se confronta, portanto, com a cultura moderna. Essa é uma das maiores linhas da teologia do século XX, que se diferencia (sem se contrapor) das teologias da identidade católica, representadas pelas figuras de Von Balthasar e Ratzinger.
Rahner fez escola e teve numerosos discípulos, dos quais o mais criativo, que, partindo de Rahner foi além de Rahner, é Johann Baptist Metz, em cujo pensamento a racionalidade crítica se concretiza com a racionalidade prática, que desenvolve as implicâncias históricas e sociais do pensamento cristão.

IHU On-Line – Passados 25 anos de sua morte, qual é a principal herança que Rahner deixou para a Igreja?

Rosino Gibellini – Vinte e cinco anos após sua morte (30 de março de 1984), está em fase de avançada realização a edição crítica da Opera omnia do grande teólogo, que representará um seguro ponto de referência para o futuro da teologia. Recordo de ter participado, com Gustavo Gutiérrez (que se encontrava naquele mês em Roma) dos solenes funerais do teólogo alemão em Innsbruck, onde havia se retirado nos últimos anos.

Nos funerais também estavam presentes Metz, Lehmann, Kasper e Schillbeeckx. Aos participantes, foi distribuído o Boletim informativo dos Jesuítas da província da Alemanha meridional (datado em München, abril 1984/2), dedicado à figura de Rahner. Sempre o conservei e comentei várias vezes com os jovens teólogos a sua última entrevista ali reproduzida. O entrevistador perguntava: “Como se pode transmitir a fé à nova geração?” Rahner respondia: “Antes de tudo deve-se pregar bem (grifo do texto). Para pregar bem, deve-se primeiro estudar bem teologia. Mas, para pregar bem, devem existir homens vivos, devotos, radicalmente cristãos, que possam pregar. Naturalmente também deve existir uma certa liberdade no exercício de uma atividade apostólica ou pastoral”. A teologia, portanto, é um instrumento do anúncio e da missão.

O teólogo evangélico Wolfhart Pannenberg identificou bem o maior legado de Karl Rahner, vendo na teologia rahneriana uma das tentativas mais consistentes do nosso tempo de manter aberta a racionalidade reduzida da cultura secular ao mais vasto horizonte de uma racionalidade que reconhece também o mistério de Deus “enquanto ele nos ensinou a ver em cada tema teológico, aquilo que é universalmente humano”, introduzindo-se assim no vasto sulco da mais autêntica teologia cristã: “A aliança com a razão pertence desde o início á dinâmica missionária do Evangelho”.

Fonte: amaivos.uol.com.br

2 comentários:

  1. Parabéns por um post tão belo quanto ao seu que faz referência ao Dia do Teólogo e que todos um dia possam a vir reconhecer também o mistério de Deus “enquanto ele nos ensinou a ver em cada tema teológico, aquilo que é universalmente humano”, introduzindo-se assim no vasto sulco da mais autêntica teologia cristã: “A aliança com a razão pertence desde o início á dinâmica missionária do Evangelho”.

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  2. Muito boa matéria apesar de extensa, li e tenho mesmo que lhe dar os parabéns por esta linda lembrança.
    Abraços forte

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