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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Dia do Orquidófilo


22 de junho
A origem da palavra orquidofilia vem do grego orchidos + filein, que significa apreciar orquídeas.

22 de junho é dia de homenagear aquelas pessoas que cultivam essas belas flores.

No Brasil, os primeiros "cultivadores" de orquídeas foram as tribos indígenas.

Gostavam tanto da plantinha que faziam rituais com orquídeas e acreditavam em poderes mágicos e medicinais.

Além, é claro, de fazer uso da flor para cosméticos e enfeites.

O Brasil é um dos maiores santuários mundiais de orquídeas, devido à condição climática do país. Possui um grande mercado interno e o baixo custo da produção de flores.

O Rio de Janeiro também demonstra abundante interesse pelas orquídeas, tendo o Jardim Botânico como exemplo.

Conheça alguns orquidófilos de destaque:

Barbosa Rodrigues foi um orquidófilo e também diretor do Jardim Botânico, do Rio de Janeiro. Ele era botânico e artista plástico.

Guido Pabst publicou diversos trabalhos, em forma de pequenos artigos para a Revista "Orquídea".

Augusto Ruschi é autor de diversas obras sobre Botânica, Zoologia e Ecologia, tendo publicado 500 trabalhos científicos. Também foi professor titular do Museu Nacional da UFRJ.

Fonte: www2.portoalegre.rs.gov.br

HABITAT

As orquídeas vegetam em diversos ecossistemas, sendo encontradas em florestas, campos, cerrados, dunas, restingas, tundras e até mesmo em margens de desertos.

São erroneamente chamadas de parasitas. Na realidade, as que vivem sobre troncos, galhos e gravetos são epífitas, terminologia derivada do grego epi (sobre) e phyton (planta), para denominar plantas que vivem sobre outras plantas, sem causar danos ao hospedeiro. Uma orquídea epífita utiliza o galho da árvore apenas como suporte, absorvendo nutrientes que são lavados pela água da chuva e depositados em suas raízes.

Uma significativa parcela das espécies vive em ambientes bem diferentes dos galhos e gravetos das árvores. Muitas vegetam sobre ou entre as rochas (rupícolas e saxícolas), geralmente em pleno sol. Outras são terrestres, encontradas nos solos das matas, campos e até mesmo na areia pura das dunas e restingas. Existem casos raros de orquídeas subterrâneas (saprófitas), plantas aclorofiladas que se alimentam de matéria orgânica em decomposição.

FORMAS E TAMANHOS

As orquídeas são consideradas a família mais evoluída do reino vegetal. Isto se deve a modificações em suas extraordinárias flores, que, muitas vezes, apresentam formas sinistras e bizarras.

O tamanho das plantas e suas flores é também muito variável, algumas tão pequenas que, por isso, são conhecidas por microorquídeas, enquanto outras, como a trepadeira baunilha (Vanilla), podem atingir vários metros de comprimento. Existem flores pouco maiores do que a cabeça de um alfinete, e outras cujo diâmetro alcança cerca de quinze centímetros.

TIPOS DE CRESCIMENTO

As orquídeas apresentam dois tipos de crescimento: simpodial, com brotação lateral, e monopodial, com crescimento terminal em único eixo.

Em muitas orquídeas simpodiais, o caule pode ser constituído por uma porção rasteira, o rizoma, e uma porção vertical engrossada, o pseudobulbo.

Nas monopodiais, o caule é alongado, não existe rizoma ou pseudobulbos.

FLOR

A flor das orquídeas é constituída de três sépalas (mais externas) e três pétalas (mais internas). Na maioria das espécies, uma das pétalas é distinta das demais e recebe um nome especial, o labelo, que geralmente apresenta cores vistosas e serve como atrativo e campo de pouso aos polinizadores.

No centro da flor encontramos um órgão especializado, a coluna, resultado da fusão dos estames (órgãos de reprodução masculinos) com o pistilo (órgão de reprodução feminino). No ápice da coluna, os grãos de pólen apresentam-se unidos em pequenas massas, ou polínias, protegidas pela antera. Logo abaixo, uma pequena cavidade representa a porção.

POLINIZAÇÃO

Para que suas flores sejam fertilizadas, as orquídeas necessitam de um agente polinizador, geralmente um inseto ou pássaro, responsável pela transferência das políneas para o estigma, processo este denominado de polinização.

A estratégia utilizada pelas orquídeas para atração de seus polinizadores é um fenômeno altamente complexo e fascinante.

Em casos extremos, a flor da orquídea pode apresentar a forma de fêmeas de besouros ou abelhas, cujos machos, atraídos pela insinuante aparência, tentam "copular" com as flores, efetuando involuntariamente a polinização.

FRUTO E SEMENTE

Um fruto de orquídea pode conter mais de um milhão de sementes. Contudo, na natureza, somente uma pequeníssima fração germinará, e poucos indivíduos chegarão à fase adulta. As sementes das orquídeas estão entre as menores do reino vegetal. O tamanho reduzido e a leveza facilitam a dispersão pelo vento, em muitos casos a grandes distâncias.

Ao contrário das sementes das outras plantas, elas são desprovidas de tecidos nutritivos, endosperma e cotilédone, responsáveis pela energia utilizada na fase inicial da germinação.

Na falta de tecido nutritivo, essa energia é fornecida por certos fungos que vivem em simbiose com as orquídeas.

VELAME

A maioria das orquídeas apresenta um tecido esbranquiçado e esponjoso revestindo suas raízes. Denominado velame, este tecido é responsável pela rápida absorção de água e nutrientes, permitindo que muitas espécies de orquídeas vivam em locais praticamente desprovidos de solo (por exemplo, sobre galhos, rochas e areia).



ORQUÍDEA, SEXO E MAGIA

Diz a lenda que bruxas usavam as raízes tuberosas das orquídeas (semelhantes a testículos humanos) no preparo de poções mágicas: as frescas para promover o amor, as secas para provocar paixões.

Os herbalistas do século XVII chamavam-nas de Satírias, em referência ao deus Sátyros, da mitologia grega, habitante das florestas, que, segundo os pagãos, tinha chifres curtos e pés e pernas de bode. Na língua portuguesa, a palavra sátiro também é sinônimo de devasso, libidinoso. De acordo com a lenda, Orchis, filho de um sátiro com uma nínfa, foi assassinado pelas Bacantes, sacerdotisas de Baco, deus do vinho. Graças às preces de seu pai, Orchis teria sido transformado em uma flor, que agora leva o seu nome: orquídea.

Desde a Idade Média, as orquídeas são populares por suas supostas propriedades afrodisíacas.

Preparados especiais utilizando as raízes tuberosas e folhas carnosas de algumas espécies foram tidas como estimulantes sexuais e até mesmo capazes de auxiliar na produção de bebês do sexo masculino. Tornaram-se assim, sinônimo de fertilidade e virilidade.

IMPORTÂNCIA ECONOMICA

As orquídeas são geralmente cultivadas pela beleza, exotismo e fragrância de suas flores. Embora seu cultivo venha da época de Confucius (c. 551 - 479 a.C), a sua comercialização teve início na Europa no final do século XVIII. Hoje, uma indústria moderna envolve centenas de milhares de dólares anualmente em todo o mundo, sobretudo na Ásia, Europa e Estados Unidos.

Algumas orquídeas são comercializadas não por sua beleza, mas devido ao uso na alimentação humana. A mais importante para a indústria é a baunilha, como são conhecidas algumas espécies do gênero Vanilla, largamente utilizadas na aromatização de bolos, sorvetes, balas e doces. Outro exemplo é o Salepo, um líquido turvo, rico em mucilagem e de sabor adocicado, extraído das raízes tuberosas de algumas espécies.

Por muitos séculos, na Pérsia e Turquia, vem sendo utilizado no preparo de uma saborosa bebida quente e também como espessante para sorvetes. Alguns atribuem propriedades medicinais ao Salepo, que usualmente é empregado no tratamento da diarréia e como afrodisíaco.

CONSERVAÇÃO

Infelizmente, no Brasil e outras partes do mundo, o cultivo e comércio de orquídeas nativas teve como prática o extrativismo. Aliado à destruição de seus habitat naturais, muitas espécies desapareceram ou foram levadas à beira da extinção. Para mudar este cenário, é urgente o estabelecimento de uma conduta conservacionista que seja seguida por indivíduos e instituiçõesDia do Orquidófilo











Hoje, as orquídeas são facilmente reproduzidas artificialmente em laboratório a partir de sementes, geralmente atingindo a maturidade em dois a quatro anos. Espécies raras e ameaçadas vêm sendo reproduzidas com sucesso por alguns estabelecimentos.

ORIGEM DO DIA DO ORQUIDÓFILO

A origem da palavra orquidofilia vem do grego orchidos + filein, que significa apreciar orquídeas. 22 de junho é dia de homenagear aquelas pessoas que cultivam essas belas flores.

No Brasil, os primeiros "cultivadores" de orquídeas foram as tribos indígenas. Gostavam tanto da plantinha que faziam rituais com orquídeas e acreditavam em poderes mágicos e medicinais. Além, é claro, de fazer uso da flor para cosméticos e enfeites. O Brasil e principalmente o Rio Grande do Sul é um dos maiores santuários mundiais de orquídeas, devido à condição climática do país.

Dia do Orquidófilo (Homenagem à data de nascimento, em 22 de Junho de 1842, do botânico carioca João Barbosa Rodrigues, diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro).

João Barbosa Rodrigues (1842 - 1909) foi um orquidófilo e também diretor do Jardim Botânico, do Rio de Janeiro. Ele era botânico e artista plástico.

Fonte: www.sfu.com.br
O que sente um orquidófilo quando encontra uma planta extermamente rara e bela? O que sentiram as pessoas que encontraram plantas como a C. walkeriana "Feiticeira", a C. violacea coerulea, a C. guttata coerulea, a C. intermedia aquinii I, a C. bicolor coerulea e outras que foram ou continuam raras?

Muitos orquidófilos sentiram essa emoção, seja com plantas de mato ou de sementeiras. Sinto-me particularmente feliz como orquidófilo pois em ambos os casos já tive a felicidade de encontrar plantas raras e belas: com a C. leopoldii trilabelo "Anita Garibaldi" e com a C. intermedia aquinii alba “Branca de Neve”.

Essa é a história do meu encontro com a primeira delas.

Comecei a colecionar orquídeas (considero-me um colecionador, antes de tudo, pois o que me atrai é o raro e o belo, principalmente juntos), no início dos anos oitenta, ou seja, quase vinte anos atrás. Morando em Florianópolis comecei evidentemente com as L. purpuratas, caso contrário não teria o que conversar nas reuniões da sociedade local, dominada pelos purpurateiros.

Entretanto, para não ter flores somente em novembro e dezembro, comecei a pesquisar e colecionar outras espécies, sempre procurando plantas de qualidade acima da média daquela espécie.

Em alguns anos já possuía uma grande coleção composta de Laelias, Cattleyas, Oncidiuns, Catasetuns, etc..

Em cada espécie procurava conhecer as variedades de forma e colorido existentes, tanto pesquisando na literatura especializada, como em conversas com orquidófilos mais experientes.

Um dos livros que li na época, Orchidaceae Brasilienses, de Pabst e Dungs, trazia um desenho de uma C. leopoldii com pétalas semelhantes ao labelo. Fiquei encantado com a mesma, pois possuía diversas leopoldiis comuns e admirava muito a espécie, mas o livro não dava nenhuma esperança de encontrar a tal planta.

Logo depois, numa viagem ao Espírito Santo fiz uma visita ao famoso orquidófilo e preservacionista Roberto Kautsky, o qual me contou a história da C. schilleriana encontrada por ele, que também tinha as pétalas transformadas em labelo.

Como ele tinha uma foto da planta pude ver o quanto era bela. Infelizmente a planta havia morrido numa tentativa de clonagem, na Alemanha.

As chances de encontrar outra planta igual eram raríssimas. Parecia que a única cattleya bifoliada trilabelo que havia sobrevivido era a nossa conhecida C. intermedia aquinii I.

Mas o destino é generoso para quem é persistente!

Alguns anos depois, em visita a um antigo coletor de L. purpurata, no sul do estado de Santa Catarina, após uma tarde de conversas, histórias e negócios, perguntei-lhe se conhecia alguma variedade de "leopoldão", como é conhecida a C. leopoldii. Ele disse-me que só possuía plantas comuns, pois as variedades da C. leopoldii são realmente raras, mas que conhecia um antigo orquidófilo de Laguna, cidade próxima, que possuía uma C. leopoldii trilabelo! Meu coração disparou com essa notícia e imediatamente perguntei-lhe pelo endereço do tal orquidófilo. Ele disse-me onde ficava e por uma estranha coincidência, o tal orquidófilo morava na mesma rua de outro orquidófilo conhecido meu naquela cidade!

Como já era fim de tarde e eu estava há uns sessenta quilômetros de Laguna, resolvi voltar para casa e tentar uma visita no próximo fim de semana, apesar de não estar na época de floração da C. leopoldii, pois estávamos em agosto.

No sábado seguinte fiz os cem quilometros de Florianópolis a Laguna em tempo recorde e rapidamente cheguei à casa do meu conhecido. Perguntei-lhe se conhecia algum outro orquidófilo naquela rua e ele disse que sim, mas há muitos anos não se conversavam por um mal entendido qualquer entre os dois, no passado.

Entendi porque ele nunca havia me falado do outro, que morava na mesma rua a mais ou menos trezentos metros.

Perguntei-lhe também se era verdade que o outro orquidófilo possuía uma C. leopoldii trilabelo. Fiquei feliz quando ele disse que era verdade, mas disse também que ele jamais havia cedido uma muda a ninguém.

Contei-lhe da minha admiração pelas trilabelos e flameadas e disse-lhe que tentaria de qualquer maneira conseguir uma muda. Despedi-me do amigo orquidófilo e fui até a casa que ele me indicou. Toquei na campainha e fui recebido por uma senhora simpática, de mais ou menos 65 anos.

Disse-lhe que era um orquidófilo de Florianópolis e que gostaria de fazer uma visita ao orquidário. É impressionante como pessoas desconhecidas logo se tornam amigas quando o assunto é orquideas!

Essa é uma das coisas que sempre admirei e continuo admirando nessa paixão que é colecionar orquídeas. Ela logo me convidou para entrar e após passarmos pela residência fomos aos fundos do terreno onde ficava o orquidário e onde estava seu Sebastião Vieira, cuidando das plantas. Fui apresentado e logo simpatizei com o seu jeito humilde e bondoso. Após me mostrar seu pequeno orquidário, com mais ou menos duzentas plantas, me contou muitas histórias dos tempos em que caçava orquídeas nos banhados e morros de Laguna e arredores. Entretanto, não falou nada sobre a C. leopoldii trilabelo, apesar de eu ter visto diversas mudas de C. leopoldii em seu orquidário.

Depois de muitos cafezinhos e histórias, finalmente perguntei-lhe:

"Seu Sebastião, é verdade que o senhor possui um leopoldão trilabelo?!"

Ele percebeu a minha ansiedade de orquidófilo novato, abriu um sorriso e respondeu:

"Sim, é verdade, encontrei um, alguns anos atrás, num banhado perto de Cabeçudas". ( Uma pequena cidade vizinha de Laguna).

Muito nervoso perguntei-lhe se poderia mostrar a planta e ele calmamente me apontou uma C. leopoldii de sete ou oito bulbos, plantada num vaso de xaxim já meio decomposto.

Como estava sem flores, não parecia nada diferente das outras. Ele contou-me que a encontrara há uns dez anos. Perguntei-lhe se tinha mudas para negociar e ele disse-me que nunca havia conseguido fazer uma muda, pois a cada bulbo novo, morria um bulbo traseiro e a planta continuava do mesmo tamanho ano após ano!

Também nunca havia sido fotografada, o que era lamentável pois a descrição das poucas pessoas que a tinham visto em flor era de que possuía três labelos. Apenas isso. Perguntei-lhe sobre a época de floração, e Seu Sebastião disse-me que era janeiro, em pleno verão, dali uns cinco meses e convidou-me para visitá-lo na próxima floração.

Agradeci e disse-lhe que voltaria na segunda semana de janeiro, quando me garantiu que ela estaria em flor.

Eu já estava me despedindo quando Seu Sebastião perguntou-me se não gostaria de levar uma muda de outra leopoldii trilabelo que ele possuía!

Fiquei atordoado! Então não era uma, mas duas trilabelos!

Perguntei-lhe como isso era possível e ele explicou-me que anos atrás umas das flores da trilabelo trazida do mato havia sido polinizada por algum inseto e posteriormente a cápsula amadureceu e as sementes foram espalhadas pelo vento. Algumas plantas haviam germinado nas árvores próximas e uma delas que crescera num abacateiro havia florido há uns dois anos com flores também trilabelo.

Seu Sebastião levou-me até o abacateiro e mostrou-me a planta. Realmente, dava para ver que tratava-se de uma planta germinada e crescida naquela árvore. Com uma faca ele cortou aproximadamente metade da planta e me deu.

Eu não sabia o que dizer! Perguntei-lhe o que desejava em troca e ele respondeu que aquilo era um presente e que eu não lhe devia nada! De qualquer forma disse-lhe que traria algumas mudas de Laelias purpuratas da minha coleção.

Voltei para casa louco para replantar aquela muda, pois já estava com um pequeno broto.

Uns dois meses depois voltei a Laguna e levei algumas mudas de L. purpuratas para Seu Sebastião. Ele ficou muito satisfeito, pois no fundo era um purpurateiro.

Quando finalmente chegou janeiro a minha muda que estava com espata, começou a mostrar os botões. Fiquei meio decepcionado, pois os botões eram absolutamente normais. Será que seu Sebastião estava enganado? Os botões estavam quase abrindo quando tive que me ausentar de casa por dois dias. Quando voltei corri para o orquidário e quase desmaiei de emoção quando a vi florida!

Lá estava a mais bela C. leopoldii que eu já vira!

Com quatro flores, possuía sépalas marrons pintalgadas, típicas da espécie. As pétalas, entretanto, lembravam o labelo espalmado, de coloração vermelho vivo e com excelente armação. Fotografei várias vezes a planta e fiquei imaginando se a outra já estaria florida em Laguna.

No sábado seguinte rumei para lá em companhia de minha esposa, pois como era verão poderíamos aproveitar o fim de semana nas maravilhosas praias de Laguna.

Chegando à casa de Seu Sebastião falei-lhe da planta que ele havia me presenteado e lhe agradeci muito dizendo tratar-se de uma raridade enorme, contando-lhe inclusive a história da C. schilleriana trilabelo do Roberto Kautsky e de como havia sido perdida para sempre.

Ele ficou satisfeito por eu ter gostado do presente e disse que a outra também estava florida, convidando-me a ir vê-la no orquidário.

Eu estava ansioso! Finalmente iria conhecer a tão sonhada planta! Quando entramos no orquidário imediatamente vi a planta! Era algo fantástico! Um cacho de umas dez flores, típico da C. leopoldii, todas com as pétalas de um púrpura vivo, lembrando também um labelo espalmado. As sépalas eram marrons esverdeadas e não possuíam pintas, o que as tornava mais belas!

Fiquei alguns instantes extasiado e só depois consegui dizer alguma coisa. A primeira coisa que falei foi uma tolice da qual logo me arrependi. Perguntei-lhe se me venderia a planta e lhe ofereci quinhentos dólares.

Seu Sebastião gentilmente recusou a oferta, dizendo que a planta não estava à venda, mas que tão logo conseguisse uma muda ela seria minha. E de presente!

É claro que fiquei muito satisfeito, mesmo sabendo da dificuldade de fazer mudas. Solicitei-lhe o pólen da planta, pois queria cruzá-la com a outra que florira em minha casa. Ele gentilmente cedeu.

Ficamos ainda algum tempo conversando e admirando a planta e pedi-lhe que me contasse novamente como a encontrara. Ele repetiu a história que me contara meses antes e se propôs a voltar ao local caso eu desejasse. É claro que concordei na hora e ficamos de marcar uma data, pois era verão e nessa época a família tem prioridade para a diversão.

Esse passeio só seria realizado um ano depois, em companhia de seu Sebastião, sua esposa e meu amigo Cláudio Deschamps. Durante o passeio, fotografamos seu Sebastião em frente a árvore na qual havia coletado a C. leopoldii trilabelo. É claro que procuramos muito, mas só encontramos leopoldiis típicas da espécie. De qualquer modo foi um passeio maravilhoso!

Continuei mantendo contato com seu Sebastião, mas devido ao meu trabalho as visitas foram rareando cada vez mais, exceto, é claro, na floração.

Certa época minha mãe pediu-me que a levasse a Laguna, para visitar uns parentes. Como já fazia uns seis meses que não visitava seu Sebastião, aproveitei e lhe fiz uma visita.

Logo que cheguei percebi que algo estava errado. Seu Sebastião sempre tão atencioso e conversador estava triste.

Perguntei-lhe a razão e disse-me que já há alguns meses não estava se sentindo bem e que em breve iria a Florianópolis fazer um tratamento de saúde. Não entendi muito bem o motivo, mas continuamos a conversar sobre orquídeas.

Depois de um gostoso café da tarde quando já nos preparávamos para voltar, seu Sebastião pediu-me para esperar enquanto ele iria buscar algo no orquidário. Voltou com a C. leopoldii trilabelo nas mãos e diante do meu espanto disse: "Quero que você a leve e cuide dela para mim, pois não estou mais em condições de fazer isso e tenho medo de perdê-la". Perguntei-lhe se tinha certeza do que estava fazendo, pois a responsabilidade minha seria muito grande. Ele reafirmou sua intenção e convidei-lhe então a me visitar na sua próxima viagem a Florianópolis.

Falei-lhe da idéia que tivera de dar o nome de "Anita Garibaldi" a planta e ele concordou na hora.

Conversamos ainda bastante e quando cheguei em casa fui correndo replantar aquela maravilha.

Em pouco tempo ela estava emitindo raízes e se fixou muito bem.

Apesar do convite seu Sebastião não aparecia em meu orquidário. Quase um ano depois efetivamente recebi a visita dele, sua esposa e seu filho. Quando seu Sebastião viu a planta ficou impressionado, pois a mesma havia enraizado muito bem e apresentava um bulbo novo vigoroso. Falou-me que estava muito satisfeito e que tinha acertado no que fizera. Mostrei-lhe todo o meu orquidário e num momento que seu Sebastião pediu para ir ao banheiro perguntei ao seu filho qual era afinal a sua doença.

"Câncer de próstata" disse-me ele.

Seu Sebastião ainda não sabia da doença, pois a família não lhe contara devido ao adiantado estado da doença.

Conversamos bastante naquela tarde. O que eu não imaginava é que aquela seria nossa última conversa.

Pouco antes de sair, seu Sebastião chamou-me para perto da planta e disse: "Cuide bem dela, pois de hoje em diante ela é sua."

É claro que não tive palavras para agradecer! Logo depois ele retornava a Laguna.

Uns seis meses depois seu Sebastião morria. Fiquei muito triste e pensei na responsabilidade que eu tinha de preservá-la e multiplicá-la.

Sebastião Vieira – descobridor da C. leopoldii trilabelo “Anita Garibaldi” e uma das plantas homenageada com seu nome
Preocupado com isso fiz vários cruzamentos, tanto com a "Anita Garibaldi" como com aquela do abacateiro que chamei de "Giuseppe Garibaldi".

Cruzei também com algumas espécies na esperança de produzir híbridos primários flameados.

O primeiro a florir foi aquela com C. forbesii, o meu cruzamento de número 61. Floriram várias plantas comuns, mas a primeira flameada foi espetacular. Sépalas amarelo-esverdeadas e pétalas arredondadas e flameadas com o púrpura do labelo da leopoldii e as estrias do labelo da forbesii riscando do meio para as bordas, num efeito maravilhoso. Além disso, a flor apresentava armação perfeita, coisa rara nos descendentes das trilabelos de outras espécies. Surgiram outras muito parecidas, mas essa continua sendo a minha preferida.

É interessante notar que todos os cruzamentos que foriram até hoje tiveram uma percentagem de flameadas em torno de dez por cento. Mas a surpresa maior estava por vir!

Já haviam florido flameadas nos cruzamentos com forbesii, dormaniana, aclandiae, bicolor, araguaiensis, Mem. Helen Brown, etc.

Mas eu estava mesmo ansioso era pelo resultado dos cruzamentos entre as C. leopoldii, especialmente aquele entre as trilabelos. Quando elas começaram a florir anos atrás, vi que todo o nosso esforço valera a pena.

Surgiram plantas com diversos graus de flameados nas pétalas, desde alguns riscos até plantas com três labelos perfeitos, e todas com boa armação.

Algumas plantas superaram as matrizes em termos de forma e cor e só lastimo não poder compartilhá-las com aquele que permitiu tudo isso, “seu Sebastião Vieira” !

Fonte: www.orquidariocarlosgomes.com

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