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terça-feira, 27 de abril de 2010

DIA DO ENGRAXATE


27 de Abril

Em meio a todo o concreto do centro da cidade, o engraxate forja o brilho que falta no mundo. Cabisbaixo, trabalha em silêncio, enquanto o cliente lê o jornal, indiferente à sua existência. Homens de terno e sapato de couro, que raramente percebem a importância desse trabalhador incansável.

Rubem Braga percebeu a poesia da atividade do engraxate, e nada melhor que poesia para homenageá-la:

O ANJO ENGRAXATE

Como soubeste, ó anjo da rua,
que tenho os pés de crocodilo?
Como soubeste, ó anjo da rua,
que o meu sapato já foi lacustre?
e que preciso hoje ficar ilustre?
Como soubeste, ó anjo da rua,
que eu quero ter (pra que ninguém,
hoje, me eclipse) os pés de barro
resplandecentes como os dos anjos
do Apocalipse?

II

Pequei com alma, pequei com o pensamento,
pequei com o corpo. só não pequei com os pés.
Vivo de pés no chão e cabeça no céu.
(No céu ou na lua?)
Ainda agora senti certo gosto de céu
como se houvesse beijado uma santa, na rua.
Tenho os pés inocentes mas em minha cabeça
moram os meus pecados azuis e dourados.
Nem há mal algum em ter pés inocentes.
Pois Cristo não lavou os pés aos seus apóstolos?
Vivo de pés no chão e cabeça no céu.
Mas não é o meu chapéu que ponho atrás da porta
na noite de maior inocência.
São os meus sapatos.

BRAGA, Rubem (org.) Cassiano Ricardo - Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964, p.71-73.

Fonte: Nilc-icmsc-usp

Os engraxates

A tradição oral napolitana remete ao ano de 1806 o nascimento do ofício de engraxate, quando um operário poliu em sinal de respeito às botas de um general francês e foi recompensado com uma moeda de ouro por isto.

O engraxate itinerante tinha uma caixa ao ombro contendo verniz, escovas e espanadores; na cobertura da caixa tinha uma armação de madeira para apoio dos pés alternadamente. Os engraxates, em local fixo, tinham poltronas enormes, quase dos tronos, com cromado dourado e tapeçarias de veludo vermelho.

Os engraxates trabalhavam das oito da manhã as oito da noite, com uma breve pausa, ao meio-dia, para o almoço. Eles ficavam, principalmente, nas esquinas dos cafés; nos lugares mais movimentados.

Durante a Segunda Guerra Mundial, no período da ocupação anglo-americana, apareceram os “sciusciàs”, garotos que para ganhar qualquer coisa lustravam as botas dos militares, além de terem cópias de jornais, goma de mascar e doces. As condições de vida e a luta diária para a sobrevivência destes jovens são descritas magistralmente por Vittorio De Sica em “Sciuscià” (filme de 1946).

Ao término da guerra desapareceram o sciusciàs e também os engraxates de Nápoles, no início dos anos cinqüenta eles eram apenas mil. Hoje em dia, caminhando pelas ruas napolitanas, ocasionalmente, pode-se encontrar algum.
Com a imigração italiana começaram a aparecer, por volta de 1877 na cidade de São Paulo, os primeiros engraxates. Eram poucos no início, de 10 a14 anos, todos italianos e percorriam as ruas, das 6 horas da manhã até a noite, com uma pequena caixa de madeira com suas latas, escovas e outros objetos. Trabalhavam também nas estações ferroviárias. Cobravam três vinténs pela engraxada.

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